terça-feira, 22 de novembro de 2011

Palestra com Gordon Strong.

A cidade de Ribeirão Preto recebeu nesta segunda-feira, dia 21, a visita de um dos maiores nomes da Cultura Cervejeira Internacional, o americano Gordon Strong. O evento aconteceu no tradicional Bar Cervejarium.

Presidente do Programa de Certificação de Juízes de Cervejas (Beer Judge Certification Program), Gordon Strong é o único juiz de cervejas do mundo com o título de Grand Master Level V Beer Judge e uma referência para cervejeiros de todo planeta. Não bastasse isso, é um dos maiores homebrews da história, tendo vencido o dificílimo campeonato norte-americano de cervejas caseiras por três vezes, isso mesmo, tricampeão americano!
Antes da palestra propriamente dita, Gordon acompanhado de João Becker (Cervejeiro da Colorado) resolveram fazer Melomel, já que as bebidas estilo Hidromel são outra paixão de Gordon Strong.

Foto: Melomel com mangas e hortelã (Acervo Pessoal).

Foto: Melomel feito a 12 mãos, preparando lichias, uvas e jaboticabas (Acervo Pessoal).

Foto: Colocação do fermento no Melomel (Acervo Pessoal).


A palestra, realizada em clima bastante descontraído, abordou temas cervejeiros diversos, desde os critérios de julgamentos da BJCP, dicas aos cervejeiros caseiros, discussão sobre estilos cervejeiros e informações sobre a Revolução Cervejeira que ocorreu nos Estados Unidos.
Alguns pontos e opiniões marcantes de Gordon Strong:
"O Hidromel é a bebida fermentada mais antiga do mundo, e pode ter surgido antes dos seres humanos!". Depois desta não poderia faltar uma degustação de Hidromel e Melomel.
Foto: Degustando Hidromel e Melomel - (Acervo Pessoal).

"Os homebrews brasileiros estão saindo na frente dos americanos, pois no início do movimento nos Estados Unidos utilizava-se extrato de malte, e aqui no Brasil já estão começando utilizando os grãos de cevada moídos, o que é muito melhor".
Outro elogio ao movimento no Brasil veio a seguir: "Estive no Festival de Cervejas de Blumenau, e de todas as cervejas que experimentei, nenhuma estava ruim, umas melhores que outras, mas não descartei nenhum copo, diferente de muitos festivais americanos, que as vezes não consigo tomar algumas cervejas".
"A aquisição de microcervejarias pelas grandes é um "câncer" para a cultura cervejeira, pois na grande maioria das vezes essas aquisições são apenas para abortar o sucesso de pequenas concorrentes, mantendo no máximo uma ou duas cervejas do antigo portfolio, muitas vezes com redução da qualidade, ou até mesmo retirando todas do mercado, muito ruim para todos nós, amantes das cervejas".

Foto: Momento da palestra (Acervo Pessoal).

Minha primeira pergunta foi sobre a avaliação das cervejas, se devemos mesmo ficar procurando os defeitos, ou seria melhor procurar virtudes nas cervejas. A resposta de Gordon foi: " Os julgamentos cervejeiros tem 3 etapas: a primeira é a das sensações e percepções da bebida, a segunda avalia se ela está dentro dos paramêtros BJCP de um específico estilo, e a terceira observa os possíveis defeitos e virtudes, fazendo-se a crítica, que não deve ser encarada como destrutiva".
Quando perguntei sobre o que ele achava de cervejas que são produzidas com 30, 40% de teor alcoólico, se elas podem ser consideradas realmente cervejas, ou se os processos de congelação e destilação deformam o conceito de bebida fermentada, ele respondeu: "existem cervejarias que estão mais preocupadas com o marketing, querendo chamar atenção a qualquer custo, este tipo de corrida a bebidas exageradamente alcoólicas presta um desserviço ao movimento cervejeiro".
Outro importante momento da palestra foi quando ele afirmou que o Brasil poderá ter sim, algum estilo de cerveja próprio dentro do BJCP, mas que para isso o percurso a correr é bastante grande, e além de ter paramêtros novos e diferentes dos já classificados, um possível estilo brasileiro deverá ter bastante gente produzindo e repetindo receitas, para que assim seja realmente comprovado o aparecimento de um novo estilo, capaz de ser classificado. Aproveitando a deixa, o anfitrião Marcelo Carneiro (Cervejaria Colorado) comentou que a repetição de receitas e brassagens com rapadura poderá ser um dos caminhos a se seguir para conquistarmos um estilo cervejeiro genuinamente brasileiro.
Finalizando, Gordon Strong confidenciou que essa sua viagem ao Brasil propiciou conhecer muitas novidades, fazendo abrir novos horizontes na sua percepção de cervejas e ingredientes cervejeiros. Que bacana!

Foto: Gordon Strong e Tarcísio Vascão (Acervo Pessoal).

Não posso encerar este post sem comentar sobre a simpatia e simplicidade do nosso ilustre convidado, realmente um grande estudioso do mundo cervejeiro e uma pessoa muito legal e divertida.
Cheers Mr. Gordon Strong !!!

2 comentários:

  1. Tarcísio parabéns pela cobertura, foi muito bom encontrar vc na segunda. Temos que combinar de nos encontrarmos mais vezes...! Grande Abraço Loró

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